Sem contar com a sua passagem por duas vezes como ministro do Comércio e uma vez enquanto ministro da Agricultura, Botche Candé é, sem dúvidas, a figura guineense que mais vezes ocupou a mesma pasta ministerial.

Sem qualquer formação académica, mas com muita experiência política, o alcunhado "Leão de Leste" tem uma presença assídua nos regimes e governos guineenses, desde que se estreou como membro do executivo, na era do falecido presidente da República Kumba Ialá, quando se mudou do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo (PAIGC) para o Partido da Renovação Social (PRS).

Muda-se o regime, mas Botche Candé é "sempre ministro" e quase todos os presidentes da República da Guiné-Bissau trabalharam com ele, às vezes como conselheiro, em tempos e contextos difirerentes.

Ainda assim, as opiniões divergem-se sobre o "Enigmático Botche Candé".

Para muitos, o facto deve-se à fidelidade de Candé aos seus "superiores", presidentes da República ou primeiros-ministros, mas também por ser o político que arrasta a multidão. Contudo, para várias opiniões, a questão não é bem assim.

"A figura de Botche Candé não é descartada, por ser o ministro que nunca questiona a legitimidade ou a legalidade das ordens que lhe são dadas para executar, tanto que, sempre que é ministro do Interior, regista-se atos de violência policial contra manifestantes ou cidadãos, em atos de alguma reivindicação", dizem os observadores.

Botche Candé é quem mais vezes ocupou, no governo, a mesma pasta ministerial. Basta referir que foi nomeado e exerceu a função do ministro do Interior por seis vezes. Essa realidade mostra a "importância política" dada ao agora líder do Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG) por vários atores políticos da Guiné-Bissau.

Depois da passagem, pela primeira vez, como ministro do Interior, no governo liderado por Domingos Simões Pereira, entre 2014 e 2015, Botche Candé foi outra vez ministro da mesma área, no executivo liderado por Baciro Djá. Mas não ficou por aqui e voltou a ocupar, pela terceira vez, a mesma pasta no governo chefiado por Umaro Sissoco Embaló. Seguiram-se, mais tarde, as passagens no mesmo cargo em dois governos liderados por Nuno Nabiam, um deles de iniciativa presidencial, depois da dissolução da Assembleia Nacional Popular, em maio de 2022.

Para completar o ciclo, Botche Candé voltou a ser nomeado e é de novo ministro do Interior em mais um governo de iniciativa presidencial, liderado por Rui Duarte Barros, mais uma vez após a dissolução do parlamento em 04 de dezembro de 2023.

Aos 68 anos de idade, Botche Candé continua a ganhar "relevância" para os políticos guineenses, mas a sua conduta e atuações, enquanto político, não param de dividir a opinião pública guineense.