As zonas húmidas da cidade de Bissau estão em perigo iminente. Áreas outrora ricas em biodiversidade e vitais para o equilíbrio ambiental têm sido invadidas por construções desordenadas e descarte inadequado de resíduos. Este cenário, muitas vezes ignorado por interesses imediatistas, não apenas ameaça o meio ambiente, mas compromete a qualidade de vida da população presente e futura.

Os Perigos das Construções nas Zonas Húmidas

As zonas húmidas desempenham um papel crucial na regulação dos ecossistemas urbanos. Elas funcionam como esponjas naturais, absorvendo o excesso de água durante períodos de chuvas intensas e minimizando os riscos de inundações. No entanto, a ocupação inadequada e as construções desordenadas têm eliminado essa função vital.  

Além disso, essas áreas são habitats para várias espécies de fauna e flora, algumas delas endêmicas. A destruição desses espaços naturais leva à perda de biodiversidade e ao aumento da vulnerabilidade ecológica. Os impactos vão além do ambiental: a degradação das zonas húmidas tem consequências diretas para a saúde pública, como o aumento de doenças transmitidas por vetores que se proliferam em áreas mal manejadas.

Consequências Diretas para Bissau

A ocupação descontrolada das zonas húmidas já cobra seu preço. Nos últimos anos, Bissau tem enfrentado inundações severas, agravadas pelo desaparecimento das áreas que deveriam absorver a água da chuva. As ruas alagadas se tornam intransitáveis, a infraestrutura pública é danificada, e as comunidades que habitam áreas de risco enfrentam perda de bens e insegurança constante.

Além disso, o descarte de resíduos em zonas húmidas bloqueia os cursos de água e cria condições propícias para a proliferação de mosquitos, ratos e outros agentes transmissores de doenças. O resultado é um impacto direto na saúde das populações locais, com surtos frequentes de malária, cólera e outras enfermidades.

Soluções Urgentes para Reverter o Quadro

É urgente que medidas sejam tomadas para salvar o que resta das zonas húmidas de Bissau. A primeira e mais imediata solução é o fortalecimento das políticas de ordenamento urbano. Isso inclui a criação de legislação mais rígida para proteger essas áreas e penalizar práticas destrutivas.  

Além disso, a educação ambiental deve ser uma prioridade. A sensibilização das comunidades sobre a importância das zonas húmidas pode gerar uma mudança de comportamento coletiva. Projetos de recuperação ambiental, como a replantação de manguezais e a desobstrução de canais naturais, também são passos fundamentais.

Outro ponto crucial é o investimento em infraestrutura sustentável. Construções em áreas de risco devem ser evitadas, e alternativas habitacionais seguras precisam ser criadas para realocar as comunidades que atualmente vivem nas zonas húmidas.

Um Chamado à Ação

O futuro de Bissau depende das decisões que tomarmos hoje. Proteger as zonas húmidas não é apenas uma questão ambiental, mas uma responsabilidade social e moral. Não podemos mais ignorar os sinais claros de que a degradação ambiental tem consequências devastadoras para todos nós.

Se quisermos garantir uma cidade resiliente, saudável e sustentável, precisamos agir agora. O futuro não é algo distante — ele está sendo moldado neste exato momento. Preservar as zonas húmidas de Bissau é garantir que o "hoje" seja o alicerce de um amanhã melhor para todos.

Suleimane Indjai 

Em tempos difíceis…