Opinião: A Criança Vendedora – A Injustiça da Prioridade Governamental

18/12/2024 em Opinião

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Opinião: A Criança Vendedora – A Injustiça da Prioridade Governamental

Nesta imagem, vemos uma menina de tenra idade sentada numa cadeira desgastada, apoiando a cabeça no braço, como se já carregasse o cansaço do mundo adulto. À sua frente, uma bacia de produtos à venda: talvez peixe, fruta ou algum outro alimento que ela espera trocar por dinheiro. O cenário revela pobreza, abandono e, acima de tudo, um sistema que falha naquilo que deveria ser seu principal dever: proteger e educar suas crianças.

Desperdício de Prioridades

Enquanto milhões são investidos, muitas vezes desperdiçados, nos setores da segurança e forças armadas, vemos crianças como essa fora do sistema educativo. Governos sucessivos justificam os elevados gastos com "necessidades de segurança", mas onde está a real segurança do país quando o seu futuro – representado por crianças como esta – está sendo negligenciado?

A verdadeira segurança nacional não se constrói com armas e homens armados. Constrói-se nas escolas, nos livros e na garantia de que toda criança tem o direito de aprender, brincar e sonhar. Quando as forças de segurança recebem a fatia mais gorda do orçamento, crianças como esta menina acabam relegadas a um destino injusto: o trabalho infantil e a exclusão social.

A Realidade do Sistema Educativo

Na Guiné-Bissau, milhares de crianças estão fora das salas de aula, vítimas de um sistema educativo cronicamente mal financiado. São escolas que não existem em algumas zonas rurais, professores que não recebem salários dignos e famílias que, pressionadas pela pobreza, colocam os filhos no mercado informal de trabalho.

Essa imagem nos pergunta: o que vale mais, o dinheiro gasto em armas ou em cadernos? A força armada que patrulha as ruas ou a professora que alfabetiza crianças? Ao priorizar as forças e segurança, o Estado esquece que nenhuma nação avança se as suas crianças forem privadas de educação.

Humanidade e Desenvolvimento

Esta cena toca na essência da humanidade: a dignidade do ser humano e a necessidade de valorizá-lo. Investir em educação é mais que um ato administrativo; é um compromisso moral com a justiça social e o futuro da nação. A menina na foto representa milhares de outras crianças invisíveis, cujas vozes não são ouvidas.

Governantes precisam repensar suas prioridades. A guerra contra a pobreza e a ignorância é muito mais urgente do que qualquer guerra militar. A verdadeira riqueza de um país são seus cidadãos, especialmente as crianças. Investir neles é investir no progresso, na paz e na verdadeira segurança nacional.

Que esta imagem sirva de reflexão e indignação. Uma sociedade que deixa suas crianças fora da escola, mas investe milhões em forças de segurança, está condenada à pobreza e à instabilidade. Precisamos de líderes que compreendam que uma menina com um livro nas mãos vale mais do que qualquer farda ou arma de guerra. Só assim construiremos um futuro digno e justo para todos.

Prof. Malam Fati

Por CNEWS

18/12/2024