RSF: Jornalismo paga um preço humano exorbitante.

01/01/2025 em Direitos Humanos

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RSF: Jornalismo paga um preço humano exorbitante.

O balanço de 2024 da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) revela uma alarmante intensificação dos ataques contra jornalistas, sobretudo em zonas de conflito, onde se concentra metade dos assassinatos de jornalistas registrados este ano. Gaza emerge como a região mais perigosa do mundo em 2024 e o território com maior número de jornalistas mortos no exercício das suas funções nos últimos cinco anos. Mais de 145 jornalistas foram mortos pelo exército israelense desde outubro de 2023, sendo pelo menos 35 alvos de ataques ou mortos devido ao seu trabalho. Além disso, 550 jornalistas estão atualmente presos em todo o mundo, um aumento de 7% em relação ao ano anterior.  Essa violência, muitas vezes cometida por governos ou grupos armados com total impunidade, exige uma resposta imediata. A RSF apela a uma mobilização urgente para proteger os jornalistas e o jornalismo.

“Os jornalistas não morrem, eles são mortos; eles não estão na prisão, os regimes os jogaram lá; eles não desapareceram, foram sequestrados. Esses crimes, muitas vezes cometidos por governos ou grupos armados, desrespeitam o direito internacional e com frequência ficam impunes. Temos que mudar o jogo, lembrando-nos que é para informar a nós, cidadãos, que os jornalistas morrem. Continuemos a contar, a nomear, a denunciar, a investigar, a garantir que a justiça seja feita.  A fatalidade nunca deve triunfar.  Proteger aqueles que nos informam é proteger a verdade”, lê -se na publicação da organização.

 CNEWS

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Um terço dos jornalistas mortos em 2024 foram assassinados pelas forças armadas israelenses

54 jornalistas mortos, sendo 31 em zonas de conflito: um recorde

Em todo o mundo, o número de jornalistas mortos por cobrirem zonas de conflito – Oriente Médio, Iraque, Sudão, Birmânia e Ucrânia – atingiu um nível recorde (57,4%) nos últimos cinco anos.

Gaza : a região mais perigosa do mundo para jornalistas

Em 2024, a Faixa de Gaza concentrou quase 30% dos jornalistas mortos pelo exército israelense no exercício das suas funções, de acordo com informações obtidas pela RSF até o momento. 

A Palestina é o país mais perigoso para os jornalistas, registrando um número de mortes mais elevado do que qualquer outro país nos últimos cinco anos. Mais de 145 jornalistas foram mortos por Israel desde outubro de 2023, sendo pelo menos 35 visados ou mortos no cumprimento de suas atribuições, segundo as informações disponíveis até o momento. 

A RSF continua a investigar as mortes dos jornalistas para denunciar os ataques e apresentou quatro queixas ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra cometidos por Israel contra jornalistas.

Ásia : segunda região mais perigosa para jornalistas

Devido ao grande número de jornalistas mortos no Paquistão (7) e durante os protestos em Bangladesh (5), a Ásia continua a ser, em 2024, a segunda região com o maior número de profissionais da mídia assassinados.  

550 jornalistas presos

Alta do número de jornalistas presos 

O aumento do número de jornalistas presos em 2024 (+7,2%) é explicado pelas novas detenções na Rússia (+8) e em Israel (+17).

Israel se torna a terceira prisão do mundo para jornalistas

Israel é de longe o país que mais prendeu jornalistas desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, e se tornou a terceira prisão do mundo para jornalistas.

Uma concentração de jornalistas presos em 4 países

As quatro maiores prisões do mundo – China (124, sendo 11 em Hong Kong), Birmânia (61), Israel (41) e Bielorrússia (40) – mantêm atrás das grades quase metade dos jornalistas presos no mundo.

250 anos de prisão: a pena acumulada dos jornalistas 

O aprisionamento é uma ferramenta de repressão, especialmente a serviço da agressão russa à Ucrânia ou da ofensiva israelense em Gaza. A Rússia (38) usa as suas prisões para reprimir as vozes independentes russas e ucranianas (19).

55  jornalistas reféns

70% dos jornalistas reféns encontram-se na Síria

A maioria deles foi raptada pelo Estado Islâmico durante a guerra e, dez anos depois, continua a ser extremamente difícil, se não mesmo praticamente impossível, obter informações sobre o seu paradero. O colapso do regime de Bashar al-Assad abre uma janela de esperança para o jornalismo. 

 Iêmen: único país com novos reféns em 2024

Dos 55 profissionais da mídia atualmente mantidos como reféns em todo o mundo, 2 foram sequestrados durante o ano de 2024 pelos Houthis no Iêmen. 

Mali: único país com novos reféns em 2023

O diretor Saleck Ag Jiddou e o locutor Moustapha Koné da Radio Coton foram sequestrados em 7 de novembro de 2023 por um grupo armado.  O resgate exigido pela sua libertação chega agora a 4 milhões de francos CFA (cerca de 6.150 euros).

95 jornalistas desaparecidos

Cerca de 100 jornalistas ainda estão desaparecidos em 34 países

Mais de um quarto deles desapareceram nos últimos dez anos.

28 desaparecidos na última década 

No México (5), na Síria (3), no Mali (3), na República Democrática do Congo (2), na Palestina (2) e no Iraque (2).

45% dos jornalistas desaparecidos são vítimas de desaparecimentos forçados

Esses desaparecimentos, muitas vezes atribuíveis a governos autoritários ou negligentes, evidenciam a urgência de proteger os jornalistas e de combater a impunidade. A RSF apela, entre outras coisas, para que os Estados ratifiquem a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados. Adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2006, ela conta com apenas 75 ratificações até o momento.

O México se destaca tristemente como o país com o maior número de desaparecimentos de jornalistas.

O país concentra mais de 30% dos casos de jornalistas desaparecidos.

4 novos desaparecimentos forçados  ocorreram em Burquina Faso, na Nicarágua, na Rússia e na Síria em 2024.

 RSF

Por CNEWS

01/01/2025