O escritor e músico guineense, Ernesto Dabó, considerou "desperdício enorme" a transformação dos partidos políticos da Guiné-Bissau em agências de emprego e criticou o critério prevalecente no país onde o mérito e o saber são prejudicados a favor da militância partidária. 

Em aentrevista ao programa No Fundo das Artes, da Rádio Capital FM, sobre a sua carreira no mundo das artes, Ernesto Dabó não teve papas na língua e trovejou criticas ao sistema. 

"É um desperdício enorme fazer dos partidos agências de emprego, isso é gravíssimo. Um indivíduo que quer intelectualmente evoluir tem de trabalhar milhares de horas para aprender e evoluir. Isso requer sacrifico e pouco tempo para bajular", começou por dizer, antes de endurecer a crítica. 

"Mas que país se pode desenvolver, quando se estabelece igualdade entre um indivíduo que se empenha na sua evolução intelectual e outro que se empenha a servir o líder do partido para merecer a decisão arbitrária do seu líder para garantir lugar de ministro ou cabeça de lista [candidato a deputado]", criticou. 

O músico e antigo membro do extinto grupo musical Cobiana Djaz não tem dúvidas que "nivelar as pessoas a partir de critérios de relações políticas ou partidárias é um drama muito complicado".O escritor ganhou, em 2022, o prémio Guerra Jungueiro, considerado um dos mais prestigiados da lusofonia.