Em uma sociedade livre e democrática, os assuntos delicados devem ser analisados de maneira abrangente, levando em conta o contexto geral e o bem coletivo, e não apenas o que gostaríamos ou queremos ouvir. O que gostaríamos ou queremos, muitas vezes, está distante da verdade, especialmente quando essa verdade se reflete na legalidade e no bem-estar da coletividade. O que é certo não é sempre o que é popular, e é nesse ponto que a lei e os órgãos de soberania entram como pilares para a construção de um estado livre, justo e equitativo.

A diferença entre o que desejamos e a verdade pode ser observada em várias esferas da vida pública, especialmente quando se trata de questões de interesse social, político ou econômico. O que gostaríamos, muitas vezes, está enraizado em nossas emoções, interesses pessoais ou convicções ideológicas, mas a verdade deve estar alicerçada nos fatos, nas leis e no respeito aos direitos humanos e à liberdade coletiva. A realidade de uma nação precisa ser analisada sem os filtros do desejo, para que decisões políticas e jurídicas possam ser tomadas com a responsabilidade de proteger os direitos de todos.

Nesse contexto, o papel dos órgãos de soberania — como o Judiciário, o Legislativo e o Executivo — é fundamental. Estes não devem ser vistos como representantes de interesses pessoais ou de grupos específicos, mas como guardiões do patrimônio público, defendendo os direitos e as liberdades do povo. Cada órgão tem a responsabilidade de atuar em prol do bem comum, e não da satisfação de desejos individuais ou de minorias que tentam influenciar decisões em benefício próprio.

O Estado livre que desejamos construir deve ser uma nação onde as leis prevalecem sobre os interesses individuais. Isso significa que as decisões dos órgãos de soberania devem ser tomadas com base em uma análise imparcial, que considere o quadro geral e o interesse coletivo. A busca pela verdade, que muitas vezes pode ser desconfortável ou contrariar interesses imediatos, deve sempre ser priorizada, pois é essa verdade que garante um Estado sólido, justo e livre.

Quando se compreende que os órgãos de soberania são patrimônios do povo e não de indivíduos que os representam, a verdadeira democracia se fortalece. Isso implica em um sistema onde a justiça não é negociada e onde as decisões são tomadas com transparência e responsabilidade. Apenas assim é possível construir uma sociedade onde a liberdade não é apenas um ideal, mas uma realidade vivida por todos.

Suleimane Indjai