A Rede Oeste Africana para Edificação de Paz (WANEP-GB) disse que “a violência política tem impactos profundos e duradouros na estrutura social e no funcionamento das instituições políticas, comprometendo a estabilidade democrática, a confiança nas instituições e a coesão social”.

A anotação foi transmitida hoje, 15 de abril, pela sua coordenadora Denise dos Santos Indique, na sua tradicional comunicação sobre os direitos humanos e situação sociopolítica do país. Na ocasião, a ativista descreveu que “quando a violência é usada como ferramenta para disputas de poder, seus efeitos podem se perpetuar por gerações, gerando ciclos de instabilidade e desconfiança”, salientando que “os danos não se limitam às vítimas diretas, mas afetam toda a sociedade. Um dos principais resultados desse cenário é a erosão da democracia”.

“Regimes que recorrem à repressão para silenciar opositores e restringir liberdades civis enfraquecem as instituições democráticas. Nesse contexto, o poder absoluto substitui as instâncias institucionais, instaurando um ambiente de medo e censura. Como consequência, há uma retração da participação popular, o que dificulta o surgimento de novas ideias, lideranças e limita o espaço para debates públicos”, descreveu ainda a ativista.

De acordo com a organização sub-regional, na voz da sua coordenadora nacional na Guiné -Bissau “no âmbito social, a violência política provoca traumas coletivos que se traduzem em polarização e fragmentação da sociedade. Esses efeitos também se refletem na economia, com a fuga de investimentos e o aumento da desigualdade social, já que empresas evitam operar em ambientes marcados pela insegurança”..

“Outro efeito preocupante é o fortalecimento de narrativas extremistas. Atualmente, a diáspora guineense tem se mobilizado em resposta à repressão constante no país, o que potencializa novas ondas de violência e conflito”, disse.

Na Guiné-Bissau, de acordo com a ativista “observa-se um aumento nos gastos governamentais com atos de repressão, recursos que poderiam ser destinados ao pagamento de salários atrasados em diversas instituições estatais de caráter social”, facto que a organização “afeta gravemente o desenvolvimento social e econômico do país”.

A Rede Oeste Africana para Edificação de Paz  exorta as autoridades competentes ‘a promoverem uma cultura política baseada no respeito às leis, no diálogo e na resolução pacífica de conflitos, como forma sustentável de construir uma sociedade mais justa e democrática”, neste sentido, a organização sub-regional propõe medidas para “mitigar os impactos da violência política a longo prazo, destacando a necessidade de investir na promoção da justiça, na reparação de danos e no fortalecimento da participação cidadã”.