É uma farsa - reconciliação sem reconstrução e resolução

22/04/2025 em Opinião

Compartilhe:
É uma farsa - reconciliação sem reconstrução e resolução

Em qualquer conflito há sempre violência, dependendo de nível em que aconteceu, mas o processo para sua transformação requer alguns pressupostos básicos para poder confirmar a reconciliação, na qual acontece assinatura de memorando ou qualquer instrumento que garante a fiabilidade no cumprimento e seguimento da situação resolvida.

Não há reconciliação sem uma reconstrução e resolução, aliás, sem que haja a justificação para atenuar as condutas, política para equilibrar as contradições e esclarecer pontos divergentes, educação para moldar as culturas e transformar os comportamentos. Basicamente, Justiça, Política e Educação, são pressupostos fundamentais numa medicação e transformação de conflitos. Por isso, para falar de reconciliação é muito cedo, antes que sejam cumpridas esses pressupostos cronológicos, caso contrário, está -se na compra de consciência ou outro formato utópico que não seja reconciliação propriamente dita.

A experiência política, para um observador atento, nota-se “negociação” dos conflitos sem que sejam investigados para ter noção e conhecer o problema em si, sua origem, os fatores históricos e interesses e contextos conflituosos. Apenas, fazem “dá cá e toma lá”, um mero troca de maletas com secretarias e Ministérios. Logo, uns primeiros momentos de cumprimento da negociação vai ressurgir os mesmos conflitos mas com dinâmica diferente. Deste modo, nunca o país se desenvolverá, tudo estará sob égide de elite [cúpula diabólica] altamente incompetente que apenas vive de instabilidade política.

Experiência política provou, por exemplo, os conflitos no PAIGC foram várias vezes adiados [abafados], outrora resolvidos superficialmente, mas isto, sempre ao aproximar das eleições. Assim aconteceu no PRS em muitas ocasiões, e agora, está a acontecer em MADEM-G15, mas “num contexto político crítico”, de extremismo [político], caracterizado pelas divisões internas com pendor étnico e tribal. Uma fatalidade completa!

Por que existem os instrumentos e gabinetes jurisdicionais nas formações políticas? A não ser para a justiça interna, para equilibrar, atenuar, mediar as condutas política internas... As leis não devem ser substituídas por apenas uma nomenclatura “reconciliação”, sob pena ser “compra de consciência”.

Que Deus abençoe a Guiné -Bissau!

Mamandin Indjai

Diplomado em Educação para paz e Cidadania

Inspirado no Triângulo de violência (de Johan Galtunh) – recurso didático de Fórum de paz

Por CNEWS

22/04/2025