Opinião: Primeiro de Maio, um convite à reflexão!

01/05/2025 em Opinião

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Opinião: Primeiro de Maio, um convite à reflexão!

O Dia Internacional dos trabalhadores, celebrado a 1º de Maio, é mais do que uma data festiva: é um marco histórico que evoca lutas, resistências e conquistas. É também um espelho que nos obriga a olhar, com sinceridade, para as condições laborais em cada setor da sociedade. Na Guiné-Bissau e em muitas outras partes do mundo, este dia deve servir como um verdadeiro convite à reflexão crítica sobre as desigualdades, invisibilidades e desafios enfrentados por quem faz girar a roda do progresso.

Começo pela educação, pilar de qualquer nação. Os profissionais da educação continuam a exercer a sua função em condições adversas: salários em atraso, falta de formação contínua, escassez de materiais pedagógicos e infraestruturas degradadas. Muitos professores percorrem longas distâncias para chegar às escolas, e mesmo assim, mantêm o compromisso com a formação das futuras gerações. No entanto, a falta de valorização e investimento torna o seu trabalho penoso e, por vezes, desmoralizante. O 1º de Maio é uma oportunidade para exigir políticas públicas sérias que garantam dignidade ao magistério.

No setor da saúde, a situação não é menos preocupante. Médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares enfrentam jornadas longas, recursos escassos, ambientes de trabalho sobrecarregados e muitas vezes inseguros. A pandemia da COVID-19 revelou ainda mais as fragilidades do sistema, mas, ao invés de melhorias estruturais, muitos profissionais continuam a lidar com atrasos salariais e ausência de equipamentos básicos. Valorizar os trabalhadores da saúde é garantir a vida da nação.

Na comunicação, os jornalistas enfrentam diariamente o desafio de informar com verdade e independência num contexto por vezes hostil. São pressionados por interesses políticos e económicos, sofrem ameaças, censura e, em alguns casos, violência. O exercício da profissão exige coragem e compromisso com a ética, mesmo sem garantias de segurança, contratos justos ou acesso a formação contínua. É essencial protegê-los, pois a liberdade de imprensa é também a liberdade de toda a sociedade.

Um dos pontos mais sensíveis que o 1º de Maio nos leva a refletir é o trabalho infantil. Na Guiné-Bissau, ainda é comum ver crianças em mercados, oficinas, lavouras e até em trabalhos domésticos. Estas crianças, muitas vezes privadas do direito à educação e à infância, são exploradas silenciosamente, sob o manto da pobreza e da normalização cultural. Devemos, com urgência, repensar práticas, investir em políticas de proteção e responsabilizar quem perpetua essa violação dos direitos humanos.

As empregadas domésticas, em sua maioria mulheres e adolescentes, sustentam silenciosamente o funcionamento dos lares, permitindo que outras pessoas trabalhem fora. No entanto, enfrentam jornadas exaustivas, baixos salários, ausência de contratos, discriminação e, em casos extremos, abusos físicos e psicológicos. Muitas não têm acesso à previdência ou ao descanso justo. O reconhecimento dos seus direitos laborais é um passo crucial para uma sociedade mais justa e equilibrada.

Para concluir minha fala, mais do que comemorar, devemos refletir: que tipo de sociedade queremos construir? Uma sociedade justa valoriza todos os trabalhadores da sala de aula à enfermaria, da redação ao lar doméstico, do campo à cidade. É preciso reforçar a luta pela equidade, pelo respeito e pela dignidade no trabalho, lembrando que cada profissão tem valor e merece reconhecimento.

Este é o momento de fazer ecoar as vozes silenciadas e exigir condições que promovam não apenas a sobrevivência, mas o florescimento humano em todas as áreas laborais!

Por: Joaninha Silá Delgado pinto, activista e estudante da ESE

Por CNEWS

01/05/2025