Nos últimos tempos, a situação do transporte de passageiros em todo país tem se tornado alarmante. Durante a campanha de cajú, a escassez de veículos, aliada ao aumento da demanda, tem levado alguns condutores e ajudantes a adotarem práticas abusivas que prejudicam os passageiros. O episódio que vivenciei na semana passada, ao tentar viajar de Bissau a São Domingos, é um exemplo claro dessa realidade.

Ao chegar ao terminal, percebi que a procura por carros era intensa, mas os veículos disponíveis eram insuficientes para atender a todos. Nesse cenário, os ajudantes em colaboração com pessoal do sindicato começaram a aumentar os preços das passagens de forma arbitrária. O trecho de Bissau a Bula, foi cobrado 1 000 FCFA, de Bula a Ingoré subiu para 1 500 FCFA, e o trecho de Ingoré a Sedengal, que deveria custar apenas 300 FCFA, foi cobrado a 1 000 FCFA. Essa prática não apenas fere os direitos dos passageiros, mas também demonstra a falta de ética e moral de alguns profissionais do setor.

A resistência de uma mulher que denunciou essa situação junto a um comandante em Ingoré foi um ato de coragem que resultou na restauração da ordem e na devolução do preço justo da passagem. No entanto, essa não deve ser a exceção, mas a regra. É inaceitável que os passageiros sejam tratados como alvos fáceis para exploração, especialmente em momentos de vulnerabilidade.

A tabela de preços em vigor é clara e deve ser respeitada. O que estamos testemunhando é um roubo disfarçado de aumento de tarifas, que se aproveita da falta de fiscalização e da urgência dos passageiros. As autoridades competentes precisam agir com urgência para regulamentar e fiscalizar o setor de transporte, garantindo que os preços sejam justos e que os direitos dos passageiros sejam respeitados.

Além disso, é fundamental que haja uma conscientização entre os condutores e ajudantes sobre a importância da ética profissional. O transporte de passageiros não é apenas uma atividade económica; é um serviço que deve ser prestado com respeito e dignidade. A justiça precisa ser feita, e isso começa com a responsabilização dos envolvidos em práticas abusivas.

Portanto, a situação atual exige uma resposta rápida e eficaz das autoridades. A regulamentação do transporte de passageiros deve ser uma prioridade, e a proteção dos direitos dos cidadãos deve ser garantida. Somente assim poderemos assegurar um transporte justo e digno para todos.

Por:. Braima Camará

(Docente e ativista)