Opinião: Governo premia militares e castiga professores e médicos

21/05/2025 em Opinião

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Opinião: Governo premia militares e castiga professores e médicos

Na Guiné-Bissau, o governo faz uma escolha clara e desastrosa: premiar os militares com salários certos, suplementos generosos e privilégios silenciosos, enquanto deixa professores e médicos sem pagamento, sem condições e sem esperança. Não se trata de descuido, mas de uma política deliberada de desigualdade, que expõe o cinismo e a brutalidade de quem governa.

O soldado recebe. O professor espera. O médico sofre.

Quem segura a arma é reconhecido. Quem segura o giz ou o bisturi é esquecido.

É este o retrato cruel de uma governação que valoriza a ameaça e despreza o saber e a vida.

Enquanto o país afunda em crises sociais, escolas fecham por falta de pagamento e hospitais colapsam sem recursos, os militares continuam blindados por uma política que transforma o medo em moeda de troca. O governo garante o bem-estar das forças armadas para manter-se no poder, mesmo que isso custe o futuro da educação e o colapso da saúde pública.

Essa escolha não é apenas imoral é suicida.

Um país que despreza seus professores cava a própria ignorância.

Um país que abandona seus médicos condena seu povo à morte.

Um país que transforma o militarismo em prioridade está a construir uma democracia de fachada e um Estado de medo.

É vergonhoso que em pleno século XXI, com tantos apelos por justiça social e desenvolvimento humano, a Guiné-Bissau continue refém de um modelo retrógrado, onde quem tem poder de fogo tem privilégios, e quem tem o poder de ensinar ou curar vive como mendigo institucional.

Essa lógica precisa ser rompida com urgência.

É preciso inverter prioridades, colocar a educação e a saúde no centro da política pública, pagar com dignidade os profissionais que sustentam o país com conhecimento e cuidado, e devolver aos militares seu papel constitucional — longe do centro das decisões civis.

Enquanto isso não for feito, o governo continuará a ser cúmplice de uma injustiça histórica, sustentando um modelo que mata o futuro e corrói a esperança.

Premiar militares e castigar professores e médicos é, acima de tudo, governar contra o povo.

Por: Jornalista, ativista social, cidadão engajado e discente Nelson Oliveira Intchama

Por CNEWS

21/05/2025